No dia 10 de outubro de 2009, o 6º e o 8º semestres do curso de Ciências Biológicas da Urcamp de São Gabriel, realizaram uma visita a Reserva do Taim, situada no Estado do Rio Grande do Sul, compreendendo partes dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, próximo do Arroio Chuí, na fronteira do Uruguai, com uma área de 32.038ha. Um dos principais motivos que levaram à criação da Estação Ecológica do Taim em 21.7.86, pelo decreto n2 92.963, foi o fato de esta área ser um dos locais por onde passam várias espécies de animais migratórios vindos da Patagônia.
A simples utilização da estação como área de descanso, de crescimento ou nidificação torna-a ainda mais importante pois para as espécies migratórias a destruição de uma área na rota de migração pode colocá-las em risco de extinção.
Na parte norte da estação, há uma pequena floresta com área de 10 ha, que constitui uma verdadeira preciosidade ecológica. As árvores dominantes são a figueira nativa (Ficus organensis) e a corticeira (Erythrina sp) das quais pendem barbas-de-velho que causam efeito decorativo. Nas árvores há também lindas orquídeas, sendo a principal a Cattleya intermédia.
No banhado, que constitui a maior parte da Estação domina o junco (Sairpus californicus). Estão presentes, também, plantas que bóiam nas águas como o aguapé (Eichornia crasnpes) e a Pistia stratiotes, a erva-de-santa-luzia, além de gramíneas diversas. Dentre estas foram assinaladas a Paspalum e a Spartina de porte elevado, que ocupa grandes áreas do banhado. Muitas delas oferecem refúgio para diversas espécies de aves e mamíferos.
A Estação Ecológica do Taim tem uma variadíssima fauna. O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) está incluído nas listas nacionais e internacionais dos animais ameaçados de extinção. A principal ave é o cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus), o único cisne verdadeiro do continente sul-americano e um dos mais bonitos do mundo, constituindo a grande estrela da avifauna do Taim. Outras espécies também ameaçadas de extinção são o coscoroba (Coscoroba coscoroba), os Dendrocygna (iererês e outros), o marrecão da Patagônia (Neta peposaca), os socós (Trigrisonia spp), o tachã (Chauna torquata), a garça-branca-grande (Casmerodis albus) e muitos outros. Entre os mamíferos estão presentes a nutria ou ratão-do-banhado (Myocastor coypus) que sofreu uma perseguição intensa devido ao valor da sua pele, o tuco-tuco (Atenomys flamarioni), a capivara (Hydrochoereus hydrochoereus). O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) foi encontrado no Taim, porém no início do século foi extinto devido a ações predatórias do homem.
Por ser o banhado um dos últimos remanescentes desse tipo de ecossistemas, a Estação Ecológica do Taim tem valor especial para estudos ecológicos.
A Estação conta com toda uma infra-estrutura para o desenvolvimento de pesquisas. Não é permitida a visitação pública com o objetivo de lazer, porém para atividades de Educação Ambiental é estimulada e/ou promovida.
Fauna e Flora
A flora e a fauna tornam o Banhado do Taim uma das relíquias ecológicas brasileiras. A região abriga grande diversidade ambas, cujo valor científico, medicinal e econômico corre o risco de desaparecer com a degradação do seu habitat, antes mesmo que tenhamos conhecimento de muita de suas funções na natureza. Além de seus habitantes fixos, a região recebe todos os anos aves migratórias vindas das distâncias ártica e antártica. Já foram lá observadas 210 espécies de aves, entre as quais poderíamos destacar o marrecão da Patagônia, as garças, os marrecos, os mergulhões, o tachã, a maria-preta, o socó, a perdiz, a ema, o maçarico, as batuíras, as gaivotas, o flamingo, o colhereiro, o joão grande, o cabeça-seca, o cardeal do banhado, os gaviões e falcões, o quero-quero, a capororoca (ou coscoroba) e, claro, o belo cisne do pescoço preto, ave símbolo da região e que lá encontra um de seus últimos locais de nidificação protegidos no Brasil.
Entre os mamíferos, destacam-se o ratão do banhado, a capivara, a lontra, os gatos-do-mato, o tuco-tuco, o gambá, a guaiquica, o tatu, o mão-pelada, o zorrilho, o preá, o furão, e o rato do campo. Entre os répteis, o jacaré-do-papo amarelo, as tartarugas, a lagartixa de praia, os sapos e as cobras. Entre os peixes são encontrados o peixe-rei, a traíra, o jundiá e muitos outros. A flora é representada pelo junco (sair pus alifornicus), que domina a maior parte do banhado, onde também destacam-se a táboa e os aguapés. As figueiras e corticeiras, com suas barbas-de-pau, orquídeas e bromélias dominam os campos e dunas, onde também existem o cravo do mato, a aroeira, o gerivá, e o araçazeiro, entre centenas de outras espécies.
Pessoas
A população do Taim concentra-se ao longo da BR-471, em povoados como a Vila do Taim, e nas grandes propriedades conhecidas como granjas. No interior da região, a densidade demográfica é pequena concentrada em pequenas e médias propriedades rurais e acampamentos de pescadores. A infra-estrutura básica conta com uma subestação de energia elétrica, quatro escolas de 1º grau, dois postos médicos, um posto da Brigada militar, a sede do IBAMA na Estação Ecológica do Taim e um posto de fiscalização municipal do ICMS. A atividade econômica básica das grandes propriedades é a agricultura, associada à criação de bovinos, eqüinos e ovinos, destacando-se a orizicultura, que atrai a mão de obra local para atividades dedicam-se à pecuária de corte, além da ocasional produção de arroz direta ou indireta, através de arrendamento das terras. A pequena propriedade sobrevive da pecuária extensiva de corte, servindo como fonte de mão de obra para orizicultura. Além da agricultura e da pecuária, o reflorestamento, a atividade madeireira e a pesca são outras atividades econômicas da região. A caça, embora ilegal, serve como complemento de renda para uma parcela da população, sendo destinada à alimentação e ao comércio da carne da capivara e de aves, além da exploração da pele do ratão do banhado.
A população concentrada na Vila do Taim é composta basicamente por pescadores, com um histórico progresso de intensa atividade de caça, tanto para o sustento como para comercialização. Por isto, a população da vila foi extremamente afetada com a implantação da Estação e a intensificação da atividade fiscalizadora do Poder Público, vendo seu nível de qualidade de vida despencas a índices precários.
Poucos pescadores ainda tiram sustento da lagoa Mirim. A vila agora abriga, em sua maioria, funcionários das granjas vizinhas.